O que leva um profissional a trabalhar na área de Projetos? Será seu estilo de vida, seus gostos pessoais, seus próprios projetos, ou sua personalidade? Para responder estas e outras questões, conversamos com o PMI Mentor e ex-presidente do PMIRS, Fernando Bartelle. Já de antemão, nosso entrevistado analisa que todos podem trabalhar com projetos, buscando oportunidades que encaixam em suas personalidades e ambições de vida.

Para ele, todos trabalhamos com projetos, mesmo que não percebamos isso. “Desde nossa infância, fazemos trabalhos em grupo, participamos de feiras de ciências, nos envolvemos com um planejamento de churrasco para a família, decidimos fazer uma graduação ou uma pós-graduação, reformar a casa, viajar, casar ou ter filhos e muitas outras coisas. Todos esses são exemplos de projetos”, desenha. Além disso, os interessados em ingressar no Gerenciamento de Projetos estão no caminho certo quando já têm ou desenvolvem uma afeição por planejamento e organização.

De acordo com a experiência pessoal de Bartelle e pelas conversas que teve com colegas e alunos da área, normalmente as pessoas descobrem o Gerenciamento de Projetos depois de ingressar no mundo do trabalho. Isso acontece, principalmente, com o envolvimento em projetos corrente ou quando algum líder presenteia o colaborador com um papel em um projeto e o incentiva a buscar capacitação formal ou informal. Ou ainda quando é sentida a necessidade de conhecer mais e, graças a uma busca individual, o Gerenciamento de Projetos se apresenta.

Formado em Arquitetura, Bartelle conta que aconteceu com ele da seguinte forma: “Ingressei no mercado de trabalho após minha graduação em Arquitetura e tive uma oportunidade em uma empresa que fazia Gerenciamento de Projetos e obras. Eu só fui entender isso meses depois que estava trabalhando como projetista. A necessidade e a descoberta me impulsionaram a buscar, me qualificar e aprender cada vez mais sobre o assunto”, rememora.

Hoje, sendo mais gerente de Projetos e gestor, de uma forma geral, do que arquiteto, Bartelle entende que, pela característica do mundo atual, onde tudo muda muito rápido, a adaptabilidade e flexibilidade são essenciais para quem deseja ingressar na função de GP. “É muito importante perceber o ambiente que nos cerca e ser flexível e adaptável o suficiente para não afundarmos agarrados ao plano. Não preciso dizer que é importante planejar, claro, mas é ainda mais importante replanejar conforme as novas condicionantes”, salienta.

Bartelle relembra que projetos existem como forma de atingir a estratégia das organizações e, por isso, a capacidade dos líderes da área de entenderem o negócio onde o projeto está inserido é importantíssima. “Não é necessário ser especialista no setor, mas entender o funcionamento e estudar mecanismos específicos, além de cercar-se dos especialistas para ter informações corretas em tempo razoável”, pontua. Por meio desta necessidade de atuação transversal do gerente de Projetos, fica também evidente que desenvolver capacidades de liderança é um passo importante, conforme situa ele.

Data de publicação: 10 de junho de 2021