Se você perdeu o ‘Falando a mesma língua: Gestão de Projetos por um mundo melhor’, com certeza não gostaríamos de estar na sua pele. O evento reuniu países de Língua Portuguesa para discutir diversidade e cultura em Gerenciamento de Projetos. Mas (spoiler), o encontro de 3h fez muito mais do que isso. Os palestrantes propuseram novos significados às palavras que serviram de base para o evento. E, ao ler este texto, você irá concordar com eles.

Representando o PMI Portugal Toastmasters, Ricardo Vargas abriu o evento conduzindo a palestra ‘O impacto da multiculturalidade e da diversidade na Gestão de Projetos’. O profissional conduziu os participantes a refletirem sobre o quanto, por indução dos pais e dos parentes mais próximos, as pessoas optam por buscar conforto nas suas relações, sempre buscando conhecer pessoas com gostos e pensamentos parecidos. Para ele, é preciso deixar-se levar pelas oportunidades que a vida oferece.

Como exemplo, Vargas lançou mão de suas experiências a fim de inspirar os participantes: “Já trabalhei numa equipe composta por profissionais de 62 países. Eram 62 culturas diferentes.” Para ele, trabalhar em um ambiente onde há diversidade nos deixa humanos e profissionais mais completos. “Diversidade não tem a ver com cotas, mas com aumento de criatividade e inovação, porque pessoas que concordam em não concordar é que fazem a mágica acontecer”, ressaltou.

O palestrante ainda provocou os presentes a repensarem o modo como se informam justificando que os algoritmos condicionam opiniões e abrem espaço para as fake news.  “Sem contar que faz com que o diferente não seja aceito por nós", complementou.

Na sequência, Alcides Cabral representou o PMI Angola com a palestra ‘Tchiwa Tchalua, Conviver para Vencer!’. Durante a explanação, o profissional utilizou da ‘Fábula do Pescador’ para passar a mensagem de que, em muitas oportunidades, nós já temos o que almejamos. O convidado também fez questão de mostrar o quanto Angola, Brasil e Portugal têm em comum, além da língua - referindo-se à colonização.

A contextualização de Cabral serviu para impulsionar seu pensamento: “quando o assunto é cultura, precisamos construir mais pontes do que muros.” Ele ainda fez menção à cultura organizacional ao apontar que a mesma precisa ser pensada por meio da ótica da multiculturalidade. “É preciso abranger pessoas cada vez mais diversas e não limitá-las para que não sejam elas mesmas”, frisou e acrescentou que é necessário que aprendamos a respeitar o eu do outro.

Para encerrar o evento, Mauro Sotille, representante brasileiro, apresentou a palestra ‘Promovendo a Equidade e a Inclusão no Ambiente de Projetos’. O palestrante abordou a necessidade de que os gerentes de projetos estejam abertos à diversidade e a promover a justiça de oportunidades. “Falamos tanto em igualdade, mas a verdade é que precisamos equilibrar as coisas. Equidade é a palavra”, mencionou ele ao mostrar uma imagem em que o termo estava ilustrado. Ele ressaltou que é preciso reconhecer que a sociedade impõe barreiras a uns e vantagens a outros. “Só assim acontece a verdadeira inclusão”, justificou.

Sotille também falou sobre o perigo do preconceito inconsciente ao relatar que, em muitas oportunidades, pessoas de boa conduta estão engajadas em comportamentos tóxicos. Conforme pontua, as microagressões contra pessoas diferentes atrapalham a inclusão e o sentimento de pertencimento. “Não tem nada a ver com politicamente correto. A pauta real é ser um humano melhor”, concluiu.

O evento também contou com a participação de Anibal Santos, membro fundador do PMI Moçambique. O profissional abordou as expectativas a respeito do lançamento do chapter e tratou da vontade de acolher os gerentes de projetos locais a partir da abertura da sede.

Ocorrido no último sábado, 25, o evento concedeu 3 PDus e certificação aos participantes. O encontro foi promovido por PMIRS, PMI Angola e PMI Portugal Toastmasters. Perdeu e quer saber mais? Leia a entrevista com os palestrantes.

Data de publicação: 30 de setembro de 2021