Criatividade como aliada do Gerenciamento de Projetos

A criatividade é uma habilidade comportamental e pode ser desenvolvida por todos. Neste dia, 17 de novembro, em que é celebrado o Dia da Criatividade, precisamos refletir o quanto essa palavra é capaz de fazer mágica em qualquer que seja a profissão. No Gerenciamento de Projetos não é diferente! Nossa área requer profissionais capazes de pensar e realizar as melhores soluções (também que estejam sempre atentos aos nossos problemas que possam ser resolvidos com um projeto bem executado).

O ex-presidente do PMIRS e atual mentor para a Região 13-Brasil do PMI, Fernando Bartelle associa a criatividade com uma conexão natural na infância, relatando que ao longo da vida vamos sendo moldados para "buscar a alternativa correta" desde o ensino fundamental, o que provoca a separação das ideias em caixinhas. “Sem muito espaço para pensamentos diversos, a tendência natural é uma pasteurização do pensamento. Sem ideias diversas, não há fagulhas criativas com naturalidade”, explica ele.

Ao ingressarmos no mundo do trabalho, o adulto se depara com uma pressão para exercer a criatividade novamente, como se isso fosse um interruptor que desligamos e ligamos, simplesmente. “Costumo dizer que é nesse momento em que os profissionais entram em crise, buscam ambientes que estimulem a criatividade, ou ferramentas de prateleira”, analisa Bartelle. O profissional ressalta que os recursos externos ajudam, mas que a criatividade é algo que precisa ser praticada.

Nos projetos, a criatividade é uma habilidade extremamente importante. Cada vez mais vemos empresas adotando técnicas ou modelos mentais como o Design Thinking, para buscar soluções de uma forma diferente, mais inovadora, e com mais chance de sucesso. Inclusive, o Design Thinking trouxe uma preocupação especial com todas as partes interessadas, em especial com o usuário final. “Isso a partir de um entendimento empático e completo do problema”, ressalta Bartelle. Além disso, outros elementos colaborativos, estimulam o pensamento fluido e livre na busca por soluções duradouras e pensadas para beneficiar toda a equipe.

“O Wicked Problem Solving, solução do PMI em parceria com Tom Wujec, também adota esses princípios. São ferramentas poderosas na busca de soluções mais criativas e completas a problemas, partindo da busca do entendimento do que se precisa resolver”, menciona ele ao questionar: “Ora, os projetos não nascem para resolver algum problema, direta ou indiretamente?”. Com isso em mente, podemos concluir, então, que a criatividade contribui com os projetos desde o princípio, ao buscar a melhor resposta para cada pergunta.

Questionado sobre o "choque de gerações" que pode haver entre os integrantes das equipes – por exemplo, um sendo mais sênior e outro entrante na profissão -, Bartelle defende que a situação acrescenta mais uma camada de diversidade, o que é algo importantíssimo para a criatividade e para a humanidade de forma geral. “Gosto muito da teoria de Linda Hill sobre Criatividade Coletiva. Ela aborda três elementos cruciais para a criatividade fluir: Abrasão Criativa, Agilidade Criativa, e Resolução Criativa”, cita. Conforme o profissional, no campo da abrasão, a autora diz que a inovação raramente acontece sem diversidade e conflito.

Portanto, não é uma questão de estabelecer a regra de “sem julgamentos” comum em processos de brainstorming, mas aprender a debater ideias e pensamentos para criar portfólios sólidos de ideias construídas coletivamente com argumentos de todas as partes. Então, ter diferentes gerações debatendo ideias traz diversidade, conflito, e, se essa mistura for bem gerenciada e apoiada pela organização, criatividade e inovação. “É bastante importante entender que conflito não necessariamente é algo ruim, e essa teoria embasa esse pensamento. Temos a tendência a fugir do conflito, mas ele é parte inerente da criação e da inovação”, esclarece.

Para Bartelle, o que torna um GP criativo, por exemplo, é sua capacidade de pensar e criar coletivamente, facilitando os processos relatados nos comentários anteriores. “Um GP é um líder de pessoas, antes de tudo. Liderar a equipe a dar o melhor de si de forma coletiva, com segurança e espaço para todos, é uma forma de fazer a criatividade fluir”, conclui.

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