Em comemoração ao Dia da Mulher, celebrado no dia 8 de março, nós entrevistamos três grandes mulheres, que têm impacto na comunidade global de gerenciamento de projetos, para contar um pouco das suas histórias profissionais e inspirar outras trajetórias de sucesso. Nossa primeira convidada é Kelly Oliveira, Agile Project Manager na Thoughtworks e a primeira (e única) presidente mulher do capítulo do PMIRS. Veja como foi a entrevista e conheça um pouco da sua história.
Quais as maiores conquistas da sua vida profissional?
Venho da área de tecnologia da informação. Sou formada em Informática pela PUC-RS, tenho pós-graduação em Gerenciamento de Projetos pela FGV, fui Gerente de Projetos na HP P&D Brasil e, hoje, atuo na mesma função na Thoughtworks Brasil. Olhando em retrospectiva, considero que ter tido essa formação técnica já foi uma grande conquista, pois sabemos que, ainda hoje, o mercado de ciência e tecnologia é ocupado majoritariamente por homens que, não por acaso, também estão em cargos de liderança e com os maiores salários mesmo tendo a mesma função que nós.
Considero que a HP foi minha grande escola. Lá eu tive uma formação para atuar na área de gerenciamento de projetos e experiências para poder aplicar aquilo que aprendi. Fui contratada em 2003 para estabelecer o Escritório de Projetos do Laboratório de Imagem e Impressão. Foram 11 anos nessa empresa, onde pude desenvolver processos para área de pesquisa e desenvolvimento e viver o dia a dia dos projetos de desenvolvimento de software como Gerente de Projeto. Tenho muito orgulho daquilo que construímos e que talvez ainda faça parte do que os projetos utilizam até os dias atuais.
Depois da HP, quis ter uma experiência no serviço público e fui contratada para também estabelecer um Escritório de Projetos na Secretaria de Planejamento e Gestão da Prefeitura de Porto Alegre. Acabei migrando pouco tempo depois para a área de Captação de Recursos e Programas de Financiamento e tive a oportunidade de trabalhar nas propostas de financiamentos federais e privados de grandes projetos de Porto Alegre. Outro projeto em que representei a Prefeitura de Porto Alegre, que me é muito querido, é o Pacto Alegre. Ele mobiliza as universidades, os setores público e privado e a sociedade em prol de encontrar sinergia e, através da inovação, resolver as dores da cidade. Recentemente foi divulgada a Marca de POA que é um dos projetos do portfólio.
Hoje estou na Thoughtworks, gerenciando projetos estratégicos de um dos mercados da empresa. Na Thoughtworks estou me desenvolvendo muito em aspectos que não são técnicos, mas sim da cultura da empresa, que busca através da tecnologia promover um impacto extraordinário no mundo, através da diversidade, equidade e inclusão. Posso dizer em poucas palavras que aprendo todos os dias como ser uma pessoa que cuida de pessoas.
Poderia encontrar outras pequenas e grandes vitórias nesses 25 anos de carreira, mas acho que nada é maior do que as amizades que fiz, as pessoas incríveis que encontrei e com quem aprendi, as lideranças inspiradoras que tive e um networking formado com profissionais com quem posso contar em qualquer momento da vida.
Como avalia o seu poder para TRANSFORMAR?
Acredito que todas as pessoas têm pelo menos um talento e se investirem nele, acabarão tendo uma marca pessoal. Eu acho que a minha marca é a transformação organizacional. Me reconheço como alguém que busca resultados que façam a diferença e melhorem a experiência das pessoas.
Como Gerente de Projetos eu posso fazer isso todos os dias nos projetos onde estou, através daquilo que aprendi na minha jornada profissional. Tenho oportunidade de propor ideias que transformem ou criem produtos, processos, práticas melhores, bem como, apoiar o desenvolvimento de pessoas em suas jornadas profissionais.
Ter a formação em gerenciamento de projetos contribui muito para que eu tenha esse perfil, uma vez que os projetos são feitos para entregar um resultado único, seja ele um produto ou serviço que atende necessidades específicas.
Como o PMI te ajudou a conquistar essas etapas na carreira?
Costumo dizer que o PMI é minha segunda família, afinal são 20 anos de trabalho voluntário (2002-2022) e muito aprendizado. No PMIRS, iniciei meu trabalho voluntário no Conselho Fiscal, ocupei as diretorias de Filiação e Certificação e fui Presidente de 2009 até 2012. Posso dizer que ter estado à frente da gestão do Capítulo também foi uma experiência muito importante, pois entregar resultados a partir do trabalho voluntário de outras pessoas requer muita habilidade não só de gestão, como emocional.
Durante esse período “internacionalizamos” o Capítulo através da participação nos eventos fora do país, apresentando nossos processos e práticas de gestão. Como resultado de todo esse trabalho, o PMIRS foi o primeiro Capítulo do Brasil a ganhar um prêmio global: “PMI Chapter Award for Leadership, Planning & Operations”. Uma conquista da qual fizeram parte muitas pessoas voluntárias e que muito me orgulha.
Vale mencionar que depois desse, o Capítulo não parou mais e conquistou, em outras gestões, outros prêmios que foram muito significativos como o “Chapter of the Year” em 2015. Fizemos muitas façanhas mundo afora.
Posteriormente, participei de dois grupos de trabalho como voluntária internacional. O primeiro foi o PMI Ethics Member Advisory Group (MAG), em 2013-2014, e posteriormente do PMI Professional Awards MAG. Ambos me deram a oportunidade de conviver com pessoas de diferentes países e culturas, ampliando minha visão de mundo como cidadã.
Nesse grupo das premiações, eu tive a honra de receber a Embraer quando conquistaram o prêmio de Projeto do Ano do PMI em 2019. A bandeira brasileira fez o maior sucesso!