Inspirador. É assim que podemos definir o propósito da Letticia Francisco, empreendedora social, CEO e fundadora da Semearhis, com mais de 19 anos de expertise na atuação com a comunidade PcD. Ela é uma das palestrantes confirmadas do PMIRS Summit 2024 e é TOP 10 na categoria Heroína da Awards 2021.
A Semearhis é uma startup de impacto social voltada ao relacionamento humano, especializada na inclusão assertiva de PcD. São conhecidos como o “Tinder” da Empregabilidade das Pessoas com Deficiência - PcD. Através de pesquisas e estudos, além da metodologia própria, a plataforma inteligente de inclusão detecta a carência do mercado empregador para conectá-lo à comunidade de Pessoas com Deficiência.
"Meu papel é despertar nas pessoas sem deficiência, que as pessoas com deficiência têm habilidades e competências para estar na sociedade e que elas podem nos ajudar e nos ensinar muito e a transformar as grandes empresas em inspiração, onde tenham oportunidade de crescimento e de carreira para atuar em grandes realizações. Sendo educar ou "evangelizar" para despertar a sociedade que tudo que todos nós temos em tempo real como informação, a comunidade PcD também tem que ter. Eu luto pelas pessoas com deficiência e seus familiares. Sou eternamente grata a Deus por este propósito e isso da sentindo a minha vida todos os dias. ", diz Letticia.
A entrevista imperdível para saber mais sobre o propósito da Semearhis está abaixo, confira. A transformação completa você acompanhará no palco do PMIRS Summit 2024.
PMIRS - Quais são os grandes desafios encontrados no processo de priorizar a inclusão e acessibilidade na cultura organizacional? Como enfrentá-los?
Letticia Francisco - Nós não temos uma sociedade preparada para inserir pessoas com deficiência em seu convívio. O que acontece quando a gente vai inserir uma pessoa dentro da empresa? Desde o início vemos a necessidade de entender o que nós temos que ajudar a mudar na cultura daquela empresa e a cultura parte das pessoas. É a maneira como as pessoas olham, é a maneira como as pessoas com deficiência se comportam, é a maneira como existe a relação entre eles, fundamental o planejamento de carreira para essas pessoas devem ser igual como é para as outras e na prática sabemos que isso não ocorre.
É preciso ter um olhar humanístico e aí, claro, entender que esse processo é um caminho sem volta, mas também é uma forma de mostrar a importância do ser humano. Quando você inclui uma pessoa com deficiência dentro de um determinado setor, o time, muitas ações vão mudar em relação aos outros. Por exemplo, se tem colaborador que reclama demais em seu time, você aproxima uma pessoa com deficiência perto dela. Por quê? Porque o desafio do outro ensina. Então a convivência passa a ser de uma forma diferente. É por isso que a pluralidade com diversidade dentro é extremamente importante. A primeira palavra é querer. E querer tem que ser de cima para baixo. Começa da gestão para que as coisas consigam fluir.
PMIRS - Como é possível construir ambientes mais inclusivos em nossas empresas? Você poderia citar algumas atitudes que fariam a diferença dentro das organizações?
Letticia Francisco - É possível construir ambientes inclusivos com toda certeza do mundo e aqui eu não estou falando de estrutura física a jornada é longa. A primeira ação que eu indico para inserir ambientes inclusivos é preparar as pessoas para receber pessoas com deficiência. Por exemplo, para receber um colaborador autista, o time deve ser preparado, informar quais são suas reações, como se deve conduzir, quem vai ser a pessoa de referência dela, para muitos parece bobagem, só que esses pequenos detalhes fazem a entrega do resultado deste novo colaborador ser assertiva. Exemplo: vai usar o computador, como é a luminosidade correta pra ela? Incluir a PcD na empresa é entender que o atendimento é personalizado.
Percebe-se que a maioria das organizações, quando vai fazer um processo seletivo, foca em um recrutamento automático, como se fosse um processo de produção. O foco é completar a lei de cotas. Volto a repetir que deve-se ter todo um preparo. Então, a primeira coisa que eu indico é sempre fazer capacitação, trabalho de sensibilização, workshops, palestras contínuas, a cada dois, três meses com os setores, preparando os ambientes. Nós já tivemos e já fizemos isso com várias empresas, passando de setor em setor,com workshops, experimentos sociais e tudo o que é necessário para preparar melhor as pessoas e os ambientes.
PMIRS - Sua carreira é inspiradora. Compartilhe um pouco sobre sua trajetória e o que a inspirou a tomar este rumo profissional.
Letticia Francisco - Antes do Startup Weekend, em 2019, que marcou o nascimento da Semearhis participei de um treinamento (Eneagrama) e descobri meu propósito de vida, que é ser porta-voz e porta bandeira da comunidade PcD. Isso mexeu demais comigo. Tenho mais de 20 anos de magistério, estava sendo treinada para ser trainer, e cada metodologia que eu aprendia eu pensava: como seria se ensinasse as pessoas com deficiência sobre isso? Penso que toda essa minha trajetória me trouxe até aqui. Muitas barreiras, muitos “nãos”, mas há algo muito mais forte que faz eu saber que essa trajetória é um legado para a sociedade. O que eu entendo é que as pessoas com deficiência e seus familiares estão há muito tempo lutando por um espaço, visibilidade, lutando por algo. O que a gente percebe é que as pessoas sem deficiência param para escutar pessoas iguais. O meu grande propósito e falo em todos os eventos os quais participo que é lindo e extremamente importante ter pessoas com deficiência em cima do palco, elas falarem, dar protagonismo a elas, já o meu papel no palco é diferente do delas. O meu papel é educar, é falar sobre as coisas que nossa sociedade não aprendeu e precisa para que quando as PcD estejam no palco sejam respeitadas como merecem.
O meu papel não é motivar as pessoas a dizer que elas têm dificuldade. Meu papel é despertar nas pessoas sem deficiência, que as pessoas com deficiência têm habilidades e competências para estar na sociedade e que elas podem nos ajudar e nos ensinar muito para transformar as grandes empresas em inspiração, onde tenham oportunidade de crescimento e de carreira para atuar em grandes realizações. Meu papel é "evangelizar" para despertar a sociedade que tudo que todos nós temos em tempo real como informação, a comunidade PcD também tem que ter. Precisamos pensar nas estruturas físicas e humanísticas para adaptar. Meu conselho é sempre iniciar pelo humano. Palestras, ouvir, podcast, entrevistas, encontros, vivências, precisa desafiar a sociedade sem deficiência para que possa acolher e receber as PcD.
No SW de 2019, que aconteceu em Caxias do Sul, eu descobri o mundo da inovação, das startups e resolvi criar a Semearhis. Em janeiro de 2020, conquistei o meu primeiro investidor e sócio, logo depois, conquistei meu segundo investidor com foco no desenvolvimento da plataforma. Juntos começamos a desenvolver a plataforma, a projeção da startup e o time que trabalharia conosco. Comecei a atuar com serviços inclusivos, porque eu entendi que a nossa sociedade não adiantava ter uma plataforma de RH sem ter um trabalho por trás. Em 2021, começamos o MVP e a fazer um trabalho mais pontual de RH dentro das empresas, informando o que a gente fazia. Começamos com o nosso primeiro cliente e aí tentando entender as necessidades e ajustando tudo que fazia sentido no processo, MVP é assim,né? Em 2022 foi quando a gente começou mesmo a dizer que nós éramos um RH, que tínhamos uma plataforma, mas jamais deixando de entregar serviços inclusivos, que é a parte de capacitação que as empresas não estão preparadas, além do acompanhamento de consultoria.
Em 2023, viramos a chave. Então nós temos aí dentro da Semearhis, dois blocos: um bloco que atua diretamente com o RH, na atração e seleção das pessoas com deficiência e a conexão com as empresas que desejam incluir profissionais maravilhosos. Temos talentos incríveis e nosso time é imbatível.Temos um time que está focado nos serviços a serem incluídos dentro das organizações, dentro dos eventos ou dentro do próprio turismo com acessibilidade, que é uma das coisas que a nós passamos a atuar muito forte por causa da questão do turismo inteligente. Estamos atendendo os serviços, porque nós precisamos preparar esses espaços. Os espaços para receber as pessoas com deficiência.
Quer saber mais sobre o tema de Letticia Francisco? Inscreva-se no maior evento de gestão de projetos do RS. O PMIRS Summit 2024 acontece nos dias 4 e 5 de outubro no Instituto Caldeira, em Porto Alegre. Serão dois dias de muito aprendizado, insights e networking.
Confira a grade completa e inscreva-se no site https://www.pmirssummit.org/