ESG: aprenda com o case do Grupo Asun
O conceito está em alta no mundo corporativo. Também é tendência em gerenciamento de projetos. Mas afinal, o que é ESG e qual é o seu poder de impacto? Environmental, social and Governance (ESG) foi ressaltado no início dos anos 2000 em um relatório encomendado pelas Nações Unidas que solicitava “melhor inclusão de fatores ambientais, sociais e de governança corporativa (ESG) nas decisões de investimento”.
Atualmente, é preocupação de consumidores - porque valorizam empresas que se preocupam com boas práticas - e de empresas, que passaram a implementar ações por responsabilidade social e para atrair os olhares dos investidores. Assim sendo, boa parte das grandes empresas, em todo o mundo, emite um relatório de sustentabilidade.
De acordo com o relatório McKinsey & Co, a implementação das práticas de ESG pode agregar valor financeiro significativo ao ajudar empresas a acessarem novos mercados, reduzir custos de operação, aliviar pressões regulatórias e melhorar a satisfação e produtividade dos colaboradores. O Grupo Asun, rede de supermercados, que conta atualmente com 40 lojas espalhadas pelas cidades de Porto Alegre, Grande Porto Alegre e Litoral, já experimenta os benefícios de uma cultura ESG e tem se tornado referência em boas práticas. Conheça as ações que a empresa tem adotado.
- A rede está no mercado livre de energia em 85% das lojas e atua com energia fotovoltaica em 23% dos empreendimentos - o que representa uma economia média anual de dois milhões e quinhentos mil reais (R$ 2.500.000,00).
- Todas as lojas contam com iluminação 100% LED. Neste processo, mais de seis mil (6.000) unidades de lâmpadas foram substituídas.
- Três lojas do grupo possuem ventilação natural, reduzindo o consumo com climatização.
- Três lojas contam com iluminação natural, reduzindo o consumo energético (o CD logístico e mais duas lojas).
- Os equipamentos de refrigeração possuem tecnologia orientada à redução de consumo de energia. Hoje, 25% das lojas conta com o sistema de glicol com baixo volume de gás refrigerante.
- Há um projeto para a implantação de carregadores de carros elétricos nas lojas. Em 2024, seis lojas já terão o recurso.
- O grupo possui estações de tratamento de esgoto (ETE) para atender algumas unidades.
- Anualmente, uma ou duas lojas do grupo passam por Retrofits completos, com o objetivo de substituir equipamentos ineficientes e implantar conceitos arquitetônicos mais sustentáveis.
- O grupo apoia e constrói a atuação na cadeia ESG junto aos fornecedores, nos aspectos relacionados a Suprimentos.
- Boas práticas sustentáveis são recomendadas há anos às organizações. Por que você acredita que a ESG tem sido considerada tendência? O que mudou (para as empresas/profissionais) do momento em que se ouvia falar mais em "sustentabilidade" para agora?
É notório que as pautas ambientais, sociais e de governança ampliaram protagonismo para além do discurso verde, se transformando em diretrizes para a adoção de boas práticas voltadas a um consumo mais responsável. Associamos ESG muito ao meio ambiente, mas o conceito é mais amplo ao contemplar o Social (diversidade, gestão de pessoas etc.) e a Governança/Compliance.
Alguns destes movimentos foram realizados na década de 80, com a percepção de que produzir e vender em grande escala deveria estar ligado à responsabilidade de uso e esgotamento dos recursos naturais. Mas foi efetivamente ampliada e através das iniciativas do Banco Mundial e o Pacto Global da ONU.
A partir deste pacto global houve avanços mais concretos, pois foram compromissos assumidos por grandes governos e organizações globais. Assim, através de um efeito cascata, percebeu-se a geração de valor direta do ESG com a ampliação da competitividade das organizações, seja no mercado interno ou no exterior, pauta essencial na tomada de decisões de investidores, no posicionamento de mercado perante os clientes cada vez mais conectados ao tema, no efetivo aumento de resultados financeiros etc.
Hoje ESG é pauta diária, seja através dos indicadores, de projetos e ações internas. O que podemos pensar é se estas ações são efetivas e estratégicas ou apenas utilizadas como jogada de marketing.
- Conte um pouco sobre como foi a implementação de boas práticas ESG no Asun.
Eu vejo que a empresa optou por atuar através de cultura e não simplesmente por oportunidade, estratégia ou marketing. O ASUN vem atuando com consistência nas pautas Ambientais, Sociais e de Governança.
Nós atuamos na Expansão e Engenharia da organização, ou seja, atuamos tanto na abertura de novas lojas, quanto na manutenção operacional das unidades existentes. Aqui, temos uma bela oportunidade ao expandir, se considerarmos a sustentabilidade na concepção dos projetos, execução das obras e posterior operação:
- Atuamos com consultoria ambiental desde as fases de obra e posterior operação de cada loja;
- Faz-se os planos de resíduos de obra e monitoramento diário dos descartes e consumos ambientalmente responsáveis;
- Na operação temos um time focado nas perdas de resíduos orgânicos, bem como, garantia de separação e reciclagem responsável dos demais resíduos gerados;
- Somados a isso, nosso time de endomarketing trabalha continuamente em ações internas de conscientização.
- Quais foram os principais desafios na implementação das novas práticas?
Geralmente os desafios estarão ligados ao retorno direto dos investimentos realizados (apoio e patrocínio interno). E é por isso que quando o ASUN assume que a pauta ESG faz parte de sua cultura, este retorno direto se torna consequência. Isso contribui ativamente para superar desafios nas implementações.
Outros desafios estarão relacionados aos aspectos culturais como em qualquer implementação de projetos e ações organizacionais. É preciso criar projetos de endomarketing orientando as ações internas na empresa, treinamento e formação dos agentes de transformação (através do papel das lideranças), alinhamento estratégico junto à diretoria e quais serão as ações prioritárias etc.
Como parte de nossa cadeia ainda temos um grande desafio quando se trata das embalagens e dos volumes de resíduos gerados. Temos alguns aspectos culturais no Brasil e precisamos acelerar esta consciência como vemos em outros países. ESG faz parte de um ecossistema entre empresas, governos, usuários, clientes etc.
- O que é necessário para uma empresa ser ESG?
Vejo que é necessário efetivamente atuar nas três letras. Precisamos nos perguntar todos os dias se efetivamente estamos atuando e gerando valores ambientais, sociais e de governança a todo nosso ecossistema e sociedade.
Além das ações ambientais (E) citadas anteriormente, o ASUN atua no (S) e (G) com intensa diversidade dos programas de gestão de pessoas, formação e desenvolvimento dos profissionais através da Universidade Corporativa do ASUN (UCA), apoio e presença junto a inúmeras ONGs e instituições, aprimoramento dos processos de auditorias internas e externas, canais de ética, engajamento com a cadeia de fornecedores e integração destes valores junto deles etc. Já foram mais de seis mil e quatrocentos (6.400) alunos atendidos, em mais de mil e trezentas (1.300) horas de formação.
Também vejo que muitas empresas falam nestas iniciativas, mas não consolidam os projetos e programas e curto, médio e longo prazo. É preciso ter um “plano maior” e aliados a isso, estabelecer os indicadores de monitoramento.
- Quais são as vantagens para as empresas?
As vantagens são para as pessoas e para o controle e uso racional dos recursos naturais e toda a vida existente no nosso planeta. As empresas são meios para que possamos chegar nisso e devem se ver como agentes de transformação, não apenas focando nos aspectos de contrapartida ambiental de sua produção. Vejo que as maiores vantagens estão em crescer com uma matriz sustentável e responsável.
Certamente isso trará alinhamento de propósito junto aos seus clientes e posicionamento de mercado aderente ao momento atual. As empresas que adotarem este comportamento garantirão seu futuro em um novo cenário que fará a distinção entre empresas comprometidas com o tema.
ESG é oportunidade para gerentes de projetos
As iniciativas em ESG estão crescendo e, à medida que isso ocorre, será necessário maior padronização e maturidade. É aí que entram os gerentes de projetos, que devem liderar estes esforços, com um mindset correto e uma boa comunicação para conduzir times ESG a conquistar grandes resultados.
PMIRS Summit 2023 terá trilha de conhecimento sobre ESG
O PMIRS Summit 2023 terá ESG como trilha de conhecimento. A inclusão do tema é uma das novidades da edição que anteriormente contava com três abordagens principais: Gestão e Liderança, Ágil e Híbrido, e Tecnologias que Transformam. O evento está previsto para acontecer nos dias 6 e 7 de outubro, no Instituto Caldeira, em Porto Alegre. Saiba mais em www.pmirssumit.org.
Fontes:
https://www.pmi.org/learning/publications/pm-network/digital-exclusives/three-ways-to-keep-your-esg-projects-on-track
https://www.pmi.org/learning/publications/pm-network/digital-exclusives/project-career-moves-esg
