Como aliar diversidade, compliance e gestão de crise no mundo de negócios da atualidade? Essa será uma das reflexões da palestra “Compliance e gestão de riscos na nova economia”, ministrada por Fabiano Machado da Rosa, da PMR Advocacia, no PMIRS Summit 2023.
A palestra, que propõe discutir as dimensões do mundo de negócios, bem como os desafios e oportunidades gerados pelo compliance, será realizada no dia 7 de outubro, a partir das 15h30, no Instituto Caldeira.
Nós entrevistamos o palestrante Fabiano Machado, para compreender um pouco mais sobre a temática de compliance e ESG antes do evento. Confira abaixo:
a. Quando nós pensamos no S de ESG, nós pensamos em novos riscos de natureza social. Por exemplo, no Brasil foi aprovada recentemente uma lei que proíbe a diferença salarial entre homens e mulheres. Do que nós estamos tratando? De disparidade entre homens e mulheres. Ao fim, nós estamos tratando de um risco de natureza discriminatória. Por que uma empresa teria um homem recebendo mais que uma mulher que está fazendo a mesma função? Isso tem raízes no preconceito, no machismo, no sexismo, na misoginia que, de certa maneira, é estrutural na vida da sociedade e se reflete evidentemente na vida das companhias. Se há uma lei que proíbe a diferença salarial, essa lei cria uma oportunidade e com ela, um novo risco de natureza social.
b. Quando nós pensamos em governança corporativa, por exemplo, nós podemos pensar que nós temos uma lei que, recentemente fez dez anos, a Lei 12846, que é a lei anticorrupção e é uma lei que cria um conjunto de obrigações e de observância para as empresas no trato das relações internas e externas, no trato dos modelos de negócio e no trato das relações íntegras. Temos aí, no campo da governança corporativa, uma oportunidade e um novo risco vindo por exemplo da linha de corrupção e de outras e outras normas.
c. No fim, o que precisa ficar claro para nós, é que ESG é, antes de tudo, uma grande oportunidade de remodelagem da mentalidade, da forma de se fazer negócios. Agora, junto da oportunidade, nós temos riscos. Por quê? Porque quando algo é violado, uma causa gera uma consequência e nesse caso consequências que podem contar com punição de natureza jurídica, punição de natureza de mercado, com a perda de mercado, e punição de natureza reputacional das pessoas. A sociedade não tolera mais companhias que tenham uma relação com a sociedade de geração de impactos negativos. Quando falamos ESG, falamos sobre a geração de impactos positivos no ambiente de negócios.
3. As equipes de projetos das empresas devem estar envolvidas nos processos de compliance? Como uma adoção completa e segura desse modo de agir pode resguardar o futuro da empresa?
Programas de compliance inicialmente foram percebidos como programas de conformidade regulatória, legal. Precisamos estar em conformidade com as leis. Isso é claro e é evidente. Isso é uma obrigação de todos. Só que quando nós aprofundamos e amadurecemos a visão de compliance, nós vamos para uma outra dimensão, mais profunda e, na minha opinião, mais essencial, que é a dimensão do compliance como agregador, um inspirador, um provocador de uma nova cultura. E cultura é o que se cultiva. Precisamos cultivar integridade nos nossos negócios, nas relações humanas, relações de respeito, de acolhimento, relações que sejam antidiscriminatórias. Nós precisamos cultivar no ambiente interno de uma companhia a completa intolerância com qualquer forma de assédio moral, de assédio sexual, de gestão por assédio. Vai permeando, de uma maneira positiva, contaminando o DNA de uma empresa, que passa a se abrir para um novo imperativo de mercado, porque ao fim, as empresas são feitas de pessoas, que trabalham com pessoas, para pessoas. E as pessoas, a sociedade, os consumidores e consumidoras não toleram mais empresas que são coniventes com práticas de discriminação, com práticas de poluição ambiental, com práticas de corrupção. Portanto, o compliance visto como uma área da companhia, ele é uma área meio de assessoramento da alta gestão, dos fundadores, donos de companhia, dos executivos, do conselho de administração.
Mas o compliance, visto a partir da cultura, ele acaba comunicando para a essência da empresa, para a essência da companhia, o que essa companhia quer ser no mercado dos dias de hoje, qual relevância, qual o impacto social, qual perenidade essa companhia quer ter para sua marca, qual a experiência que essa companhia quer dar para os seus clientes e para sociedade. E isso é a forma, sem dúvida alguma, de garantir a perenidade, a perpetuidade, o futuro de uma organização. Não há organização, não há companhia, independente do seu tamanho, que não corra risco do mercado. Sobretudo, com um mercado tão competitivo e tão inovador, em todas as áreas. Por isso, hoje, pensar novos produtos, novas soluções, novos serviços, precisa estar integrado à experiência que aquela marca, que aquela identidade, que aquele conceito de negócios leva para o público interno da empresa e na sua relação com o público externo da empresa.
Sem dúvida nenhuma o compliance faz parte da construção desse sistema de proteção, de inovação e de garantia de relevância ao longo do tempo na vida das companhias.
O evento